[Repórter da pauta: Mayara Bastos – Edição 28-01-2011 – Jornal O Dia]
Quando disputei a seletiva para substituir meu amigo Jairo Moura na vaga de fotógrafo do jornal, concorri com varias pessoas talentosas. Testados na rotina da redação, fomos dois sobreviventes para a grande final.
Partimos cedo para o que seria o “desempate”, ambos cobrindo a mesma pauta: a situação das 35 mil famílias que moram irregularmente em Teresina.
Armado com uma Nikon D300, as lentes sigma 18-50mm e 70-300mm, seguimos para a primeira ocupação, Vila Rosa Luxemburgo na zona norte da capital. A área ocupada pertence ao INSS e por não possuírem saneamento básico oficial, os moradores apelam para as ligações clandestinas e perfuração de poços para obter o mínimo de condições de permanência no local.
Lá encontrei um dos moradores que brincava com o filho enquanto fazia obras em seu casebre, levando e trazendo o garoto no carrinho de mão à cada viagem.
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pai brinca com o filho enquanto trabalha |
Não resisti ao olhar do garoto, ainda guardando a inocência infantil quando qualquer coisa é diversão.
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A família do carpinteiro Fábio, que encontrou nas sobras de material o necessário pra construir sua casa (publicada no Jornal O Dia) |
De lá seguimos para a prefeitura onde o secretário executivo da Secretaria de Planejamento, Carlos Affonso, nos deu uma verdadeira aula sobre a situação dos moradores e a crise da habitação em Teresina, mas foi na segunda locação onde pudemos ver mais de perto a realidade dura dos moradores.
Segundo o morador Juliano Lucena, no início da ocupação, a região era dominada por aproveitadores e marginais, que buscando fugir do olho da lei encontraram na região o esquecimento necessário.
Enquanto a repórter entrevistava um dos moradores, os gritos de uma vizinha nos chamou a atenção. Ao chegar no local, encontramos um senhor agonizando no chão, nu, molhado e vomitando sangue. Sofrendo de alcoolismo, diabetes e pressão alta, passava por uma nova crise, após ter sido enviado para casa pelo médico por "nada mais poder fazer".
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Homem agoniza no fundo de sua casa |
Depois de uma nova batalha, o SAMU foi enfim convencido a atender o chamado, visto que por a região não ser oficialmente registrada é de difícil acesso.
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Ambulância do SAMU ziguezagueia entre as estreitas ruas de terra |
Após receber os primeiros cuidados, o homem foi reconduzido ao hospital. O que se seguiu daí é incerto...
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Médicos do SAMU prestando os primeiros socorros |
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Paciente sendo conduzido à ambulância |
No meio do alvoroço, algumas crianças foram atraidas, movidas pela curiosidade. Não resisti e fiz um último clique, que rendeu a primeira página.
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Crianças da Vila São Francisco. Foto da Capa. |
A situação dos locais que visitamos é apenas um reflexo do que ocorre em todo o estado. Quando no conforto do nosso lar, com a brisa suave do ar-condicionado e diante de nossa TV 42” muitas vezes não temos idéia de como a “nossa nada mole vida” pode ser um paraíso quando comparada à outras.
A matéria na íntegra pode ser vista na edição eletrônica do Jornal O Dia
Até o próximo clique!
3 comentários:
tão bom ver vc fazer isso tão bem. bj
Fantástico, Régis. Sou sua fã! Que pena que o Direito perdeu mais um dos interessantes e interessados do/mundo, da vida, da arte.
Vou citar duas orações que me chamaram atenção sobre este blog: "fantástico" e "Espero que o fotojornalices não tenha o mesmo destino do coffe and dreams (...)". Espero muito que não, meu amigo, pois sua iniciativa é realmente fantástica. Não é só arte visual ou fotografia, isso também é fotojornalismo. Seus textos complementam as imagens, transformando isso tudo em uma grande matéria. Muito bom! Sucesso e continue assim que o futuro é próspero.
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