terça-feira, 1 de março de 2011

Invasões Bárbaras

[Repórter da pauta: Mayara Bastos – Edição 28-01-2011 – Jornal O Dia]

Quando disputei a seletiva para substituir meu amigo Jairo Moura na vaga de fotógrafo do jornal, concorri com varias pessoas talentosas. Testados na rotina da redação, fomos dois sobreviventes para a grande final.  
Partimos cedo para o que seria o “desempate”, ambos cobrindo a mesma pauta: a situação das 35 mil famílias que moram irregularmente em Teresina.
Armado com uma Nikon D300, as lentes sigma 18-50mm e 70-300mm, seguimos para a primeira ocupação, Vila Rosa Luxemburgo na zona norte da capital.  A área ocupada pertence ao INSS e por não possuírem saneamento básico oficial, os moradores apelam para as ligações clandestinas e perfuração de poços para obter o mínimo de condições de permanência no local.
Lá encontrei um dos moradores que brincava com o filho enquanto fazia obras em seu casebre, levando e trazendo o garoto no carrinho de mão à cada viagem.




pai brinca com o filho enquanto trabalha
 

Não resisti ao olhar do garoto, ainda guardando a inocência infantil quando qualquer coisa é diversão.



O olhar do inocente






A família do carpinteiro Fábio, que encontrou nas sobras de material o necessário pra construir sua casa (publicada no Jornal O Dia)




De lá seguimos para a prefeitura onde o secretário executivo da Secretaria de Planejamento, Carlos Affonso, nos deu uma verdadeira aula sobre a situação dos moradores e a crise da habitação em Teresina, mas foi na segunda locação onde pudemos ver mais de perto a realidade dura dos moradores.


Vila São Francisco, extremo sul da capital


Segundo o morador Juliano Lucena, no início da ocupação, a região era dominada por aproveitadores e marginais, que buscando fugir do olho da lei encontraram na região o esquecimento necessário.



Vila São Francisco


Enquanto a repórter entrevistava um dos moradores, os gritos de uma vizinha nos chamou a atenção. Ao chegar no local, encontramos um senhor agonizando no chão, nu, molhado e vomitando sangue. Sofrendo de alcoolismo, diabetes e pressão alta, passava por uma nova crise, após ter sido enviado para casa pelo médico por "nada mais poder fazer". 


Homem agoniza no fundo de sua casa


Depois de uma nova batalha, o SAMU foi enfim convencido a atender o chamado, visto que por a região não ser oficialmente registrada é de difícil acesso.


Ambulância do SAMU ziguezagueia entre as estreitas ruas de terra


Após receber os primeiros cuidados, o homem foi reconduzido ao hospital. O que se seguiu daí é incerto...


Médicos do SAMU prestando os primeiros socorros



Paciente sendo conduzido à ambulância


No meio do alvoroço, algumas crianças foram atraidas, movidas pela curiosidade. Não resisti e fiz um último clique, que rendeu a primeira página.


Crianças da Vila São Francisco. Foto da Capa.


A situação dos locais que visitamos é apenas um reflexo do que ocorre em todo o estado. Quando no conforto do nosso lar, com a brisa suave do ar-condicionado e diante de nossa TV 42” muitas vezes não temos idéia de como a “nossa nada mole vida” pode ser um paraíso quando comparada à outras.

A matéria na íntegra pode ser vista na edição eletrônica do Jornal O Dia

Até o próximo clique!


3 comentários:

Anucha disse...

tão bom ver vc fazer isso tão bem. bj

Andreia Marreiro disse...

Fantástico, Régis. Sou sua fã! Que pena que o Direito perdeu mais um dos interessantes e interessados do/mundo, da vida, da arte.

Mário David disse...

Vou citar duas orações que me chamaram atenção sobre este blog: "fantástico" e "Espero que o fotojornalices não tenha o mesmo destino do coffe and dreams (...)". Espero muito que não, meu amigo, pois sua iniciativa é realmente fantástica. Não é só arte visual ou fotografia, isso também é fotojornalismo. Seus textos complementam as imagens, transformando isso tudo em uma grande matéria. Muito bom! Sucesso e continue assim que o futuro é próspero.